Fechei a porta do quarto da mamãe, tentando não desmoronar. Este deveria ser um dia especial, que poderia prometer um futuro juntos, mas agora parecia que experimentávamos um sonho fugaz que ambos sabíamos ser impossível acontecer.No momento em que começou a tossir sangue, foi quando realmente percebi que ela não iria melhorar. A estava perdendo... estava perdendo minha mãe, merda. Ela esteve ao meu lado desde o início, nunca me tratou de maneira diferente da de Linette, embora não tivéssemos parentesco de sangue, ela era a minha mãe.Ela sempre dizia que queria me ver sossegado, me repreendia por demorar uma eternidade para escolher uma companheira e dizia que queria ver seus netos. Eu me perguntei o que ela pensaria de Adriana? O que ela teria pensado? Por um breve momento pensei que gostaria de poder apresentá-la, mas qual seria o sentido? Nem estávamos juntos.Andei pelos corredores que agora pareciam extremamente grandes, sentindo um desconforto que me apertava o peito, abri a

Abri a torneira, inclinando-me sobre a banheira por um segundo. Eu sabia por que tinha pressionado Zade para ser mais duro comigo... Ada.Fechei os olhos, as palavras de Valerie de uma semana atrás ressoando em minha mente.“Me desculpe, Adriana… já tentei de tudo. Você gostaria que a trouxéssemos para cá? Seria bom para vocês passarem algum tempo juntas”.Eram as palavras de um médico quando já não há mais nada que possa ser feito. As palavras de um médico admitindo a derrota.Ela estava morrendo. Minha irmã estava morrendo.Meu lábio tremeu, mas me recusei a deixar minhas emoções tomarem conta de mim. Respirei fundo e me acalmei, levantando-me e ficando de pé. Tirei minhas roupas e voltei para trocar a roupa de cama enquanto a banheira enchia.Não terei família depois que ela se for. Claro, eu tenho a Matilha, mas ninguém que eu possa chamar de meu...Abotoei a capa do edredom, jogando-o de volta na cama antes de voltar ao banheiro e tirar a calcinha, olhando meu reflexo no es

Voltando para a sala, sentei-me no sofá de frente para as portas de vidro que davam para o quintal da casa da Matilha e coloquei os pés sobre a mesa, cruzando-os na altura do tornozelo antes de pegar meu laptop e voltar ao trabalho.Franzi a testa assim que olhei e vi que a minha tela habitual tinha desaparecido e em seu lugar, havia uma janela preta com as palavras ‘NUNCA DEIXE SEU LAPTOP LIGADO PARA QUE NINGUÉM TENHA ACESSO AOS SEUS DADOS, IDIOTA’, em letras grandes na cor lilás.Adriana.Acho que nunca me chamaram tantas vezes de idiota como ela fazia e isso, no curto período que a conhecia. Estava já fechando meu laptop quando fiz uma pausa e cliquei na tela e percebi que o cursor piscava e as seguintes palavras foram digitadas.‘Usar o Wi-Fi aqui também é arriscado, então isso é prova suficiente de que realmente não tenho nada a esconder’. Apertei o ‘Enter’ e vi outras palavras aparecerem sob a primeira frase, agora com tamanho menor.[Ah, que fofo, na verdade você tem este l

Zade e Valerie não deveriam ter feito isso. Deixá-lo aqui tão próximo apenas me deixou ainda mais estressada.Tentei ligar Zade à mente, mas não consegui. Ele tinha me bloqueado. A irritação me percorreu e tentei me conectar com Valerie, mas ela também tinha me bloqueado.Que diabos? Peguei meu telefone, digitei uma mensagem e a enviei.ADRIANA – [precisamos conversar sobre ele ficar aqui].Para minha irritação, Zade respondeu instantaneamente, o que significava que o bloqueio da ligação mental tinha sido deliberado.ZADE – [amanhã no treino].Cerrei a mandíbula, resistindo à vontade de jogar o telefone no chão, mas acabei jogando-o na cama e fiquei olhando para o teto.Dane-se, Atticus Payne. “Dane-se!”.---Naquela noite mal dormi e, para treinar, estava pronta para lançar o inferno sobre Zade. Cheguei na hora certa e ele também. Ele já tinha treinado com Valerie, o que acabava quase sempre esquentando bastante. Ele já tinha tomado outro banho, estava pronto para mais uma ro

Atticus foi jogado para trás, o som de algo rasgando encheu o ar e Zade ficou segurando sua camisa.Droga…Quase me levantei para ver como Atticus estava, mas ele rapidamente ficou de pé, o suor escorrendo por aquele corpo digno de babar, seus cachos castanhos caíam na frente dos olhos e ele balançou sua cabeça para tirá-los do rosto, enxugando o canto da boca, respirando com dificuldade.Bem, isso estava quente…Após um movimento bem ligeiro, percebi que Zade tirou o moletom, ele também estava encharcado de suor e respirando com dificuldade, mas havia um brilho de alegria em seus olhos.O cara era sádico, acredite em mim.Ele avançou em direção a Atticus, que recuou e deu um salto mortal para trás usando a árvore atrás dele como alavanca enquanto Zade corria em sua direção. Ele se virou, mirando um chute no pescoço de Zade, que o bloqueou, mas a força o fez cambalear para trás.Atticus não deu chances dele se recuperar, tentou agarrar seu pescoço, mas Zade girou, jogando seu br