O odor de sangue invadiu minhas narinas, a visão turva e uma tontura sufocante me fizeram depender das correntes que me erguiam em pé no meio da escuridão. A letargia dominou minha mente quando o vi.O garotinho agora tinha seus cabelos loiros melados de sangue, as roupas alvas manchadas do mais puro carmesim, a cena tão irreal parecia tão real quanto sentir suas mãozinhas agarrando meus tornozelos. Os olhinhos verdes derramando lágrimas, o queixo tremendo era de partir o coração.- Por que me matou, papa? - o choro ecoava na minha cabeça mais e mais alto - você prometeu que me protegeria com a mama. Por que deixou que eu morresse, papa? - sua doce voz se misturava com o choro e os gritos iniciavam - POR QUE ME MATOU, PAPA?!***Acordo num susto, me sentando rapidamente na cama e ligando o abaju na mesinha de canto. Suor cobria meu corpo todo, causando várias manchas na camisa e meu cabelo pingava, alertando que precisava de um banho gelado.Tinha virado minha nova rotina após os pesa
Não segurei e entrei dentro da suíte, estava preocupado demais com ela e como imaginava, estava chorando no banho, nem mesmo o barulho do chuveiro abafou seu choro.Trago a toalha que devia ter esquecido na cama e adentro o banheiro, o vidro do box embaçado pelo vapor quente desenhava sua silhueta nua do outro lado. Não conseguia ouvir mais o seu sofrimento, abri o box e Carol virou surpresa, cobrindo o corpo. Se não fosse seus olhos vermelhos, eu riria da cena.- Vem cá - desenrolo a toalha, abrindo os braços para abraçá-la quando saísse do box, sua desconfiança era compreensível mas agora não estava com vontade de agarrá-la e fodê-la até eliminar cada parte ruim do seu dia. Mentira, sempre sinto vontade de enchê-la de prazer até transbordar, mas agora não era o momento para isso.Ela estava frágil e precisando de uma folga. Após um breve momento, Carol decide aceitar minha ajuda, enrolo a toalha no seu corpo junto com os meus braços, aconchegando seu corpo quente e molhado.- Você
Ele parecia tão tranquilo, praticamente flutuando pela sala de reunião enquanto espalhava sobre a mesa, as grandes variedades de opções de cores para decorar o salão do shopping. Com tantos lugares para fazer isso e com tantos funcionários para escolher até os parafusos das dobradiças das portas, Luigi tinha que vir escolher exatamente aqui na empresa? Tudo bem que era o filho da sócia majoritária mas ninguém na empresa sabia e muito menos que Matteo foi laranja da ex-megera para conseguir o controle principal da Montero. Para todos, Matteo havia comprado as ações do antigo sócio e Cassandra havia comprado o restante aumentando sua participação nas ações e no cargo, ambos ficando com metade das ações quando na realidade Cassandra possuía a majoritariedade e Matteo apenas quinze por cento.- Ele bem que falou - resmungo quando o italiano gato troca de posição, ficando para frente da grande parede de vidro da sala de reunião, me possibilitando de vê-lo sem aquele aspirante a esquilo c
Mas que porra! Por que justamente nesse momento tive que ter uma crise? Por que não me segurei até o momento em que estivesse sozinho? Maldição! Não queria que ela me visse nesse estado deplorável, não queria mostrá-la o quanto estava quebrado por dentro, gostaria de voltar para sua vida como um homem completo e resolvido com o passado, entretanto me olhando no espelho vejo que meu plano era falho. Queria impedir seu casamento com Matteo, demonstrar que estou pronto para me tornar chefe dessa família que formamos mas nem mesmo poderia lidar com pesadelos e flashbacks de quando estava sendo torturado. O que Carol pensaria se soubesse da minha fraqueza?- Luigi? Você está bem? - ela continuava batendo na porta, preocupada com o que tinha acabado de presenciar. Para o meu azar, não lembrava de nada depois de ver a tinta vermelha manchar meus sapatos, recobrei a consciência quando estava no banheiro do shopping com Carol lavando a tinta das minhas mãos. E o que eu fiz? A afastei e tranqu
Deixo o carro no estacionamento, na frente da confeitaria e checo o look uma última vez no retrovisor, grata por ter passado no hotel e vestindo uma roupa limpa e apresentável. Adentrando o estabelecimento, Camille me aguardava, ela acertava algo com uma funcionária atrás da vitrine de doces finos, antes de deixá-la e ir ao meu encontro.Meus olhos brilharam e a boca salivou apenas de verificar alguns docinhos do balcão, quase não prestei muita atenção na sua explicação. Camille me levou a fundo da confeitaria, mas precisamente uma área específica para degustação. O local, nada mais era do que um jardim mediterrâneo com mesas, cadeiras e sofás. As tonalidades diferentes de rosas ornavam com todos móveis brancos e com o jardim, deixando tudo aconchegante. Sem mencionar o cheirinho de bolo assando no ar, sem dúvidas valeu a pena dirigir por uma hora.Acabo preferindo me sentar numa mesa retangular, onde cabia todas as fatias enormes de bolos que teria de provar. Eu estaria sendo desele
- Finalmente sexta à noite - desabo no sofá como um saco de batata amassado e acabado, que caiu do caminhão e foi jogado na primeira caçamba de lixo que encontraram. Mas graças ao meu bom Deus, os gêmeos dormiam como anjinhos. Puro milagre, mas acho que a presença de Luigi deve ter ajudado. Não fiquei chateada de saber que ele subornou a minha babá para passar um tempo com os próprios filhos, isso era bom para ele e para o meu sono.Era incrível como ele colocava os gêmeos pra dormir facilmente, como se tivesse dramim nas mãos.De início fiquei preocupada pois não o tinha visto na empresa e até pensei que tinha desistido de tudo após as boladas que a minha mãe deu nele. Ao menos fizeram Luigi refletir e me deixar em paz no trabalho por um dia e finalmente passar um dia com os gêmeos.Me levanto, arrastando-me pelo escuro até a bancada da cozinha onde se encontravam mais fatias de bolo de casamento pra degustar e me preparo, pegando meus airpods e dando o play em The Bakery da Melanie
Entro apressada na sala de reunião, pedindo desculpas pelo atraso e recebendo um olhar reprovador de Cassandra. Melissa pelo contrário, arrasta uma cadeira do seu lado para eu me sentar, entregando um breve resumo escrito do que tinham sido discutido na reunião marcada pela equipe de relações públicas.O que pude entender pelo decorrer da situação, a equipe que acionou essa reunião de emergência queria avisar que teríamos de fazer uma entrevista para o esclarecimento de um "mal entendido".Era de se esperar que isso acontecesse novamente. Ano passado, quando trabalhava de assistente geral (escrava), o Sr. Russo fez a mesma coisa, se envolveu em um escândalo e a Montero teve que apaziguar. Não somos a agência que cuida da sua imagem, mas fizemos um trabalho árduo para limpar sua reputação depois que ele agrediu um funcionário de um hotel. Deus que nos perdoe, esculpimos uma imagem terrível da vítima que sofreu o abuso, fizemos parecer que o pobre garçom havia incitado a agressão com pa
- Obrigado por me defender - sou o primeiro a dizer alguma coisa depois de Cassandra expulsar todos da sala e fechar a porta. Fiquei surpreso dela revelar o segredo que sou seu filho, achei que preferia me esconder assim como escondeu sua real identidade, pintando dourado por cima como fez com seu cabelo. - Sempre vou te defender, mesmo que de longe - Cassandra sorri com uma tristeza contida no olhar quando passou por mim e apertou meu ombro - seria capaz de tudo por você - sua mão acaria meu cabelo uma vez e vai embora. Sinto que não deveria ser tão duro, que tem algo nublado minha visão para a verdade, mas não posso ignorar tudo o que passei com seu abandono. Era cruel e injusto comigo mesmo inocentá-la.Quando estou prestes a sair da sala de reunião, passa um grupo de pessoas fofocando sobre a Amélia e não consigo resistir ao ficar quieto para ouvir atras da porta. As pessoas que trabalham com ela, deveriam ter uma visão diferente da mulher que havia se tornado após anos, mas pe