Ela fez uma pausa com os talheres e colocou o camarão no prato de Felipinho. — Felipinho, coma você. — Mamãe, você não adora camarão? Por que hoje não quer comer? — Perguntou Felipinho, confuso. Luiza respondeu calmamente: — Mamãe não quer comer hoje. — Ah, tá. — Felipinho não pensou muito sobre isso. O rosto de Miguel ficou visivelmente sombrio. Dalila percebeu e comentou com Melissa: — Tia Melissa, parece que a Luiza está bem resistente a ele. Melissa assentiu com a cabeça. — Uma ferida, quando é aberta, sempre deixa cicatrizes. Não dá para esperar que tudo se resolva de um dia para o outro. — Mas a gente pode dar uma ajudinha, né? — Sugeriu Dalila, que também era uma pessoa travessa. — Ajudar como? — Melissa ficou interessada. Dalila disse: — É só dar um empurrãozinho, aproximá-los mais. — Dito isso, ela se sentou à mesa de jantar e perguntou de propósito a Miguel. — Você é o pai do Felipinho? — Sim. — Miguel respondeu ao ver que Dalila tinha um olhar a
Ela provavelmente não queria pensar nisso por enquanto. No momento, estava vivendo feliz com Felipinho, ao lado da avó, de Priscila e de Maria. Seu pai também havia acordado, tudo estava mais claro e alegre, e agora ela começava a pensar que o casamento não era tão importante assim; estar ao lado de sua família já era mais do que suficiente. Depois de passar mais de uma hora no quarto da avó, Luiza saiu e voltou para o próprio quarto. Assim que entrou, viu Miguel com um livro ilustrado em inglês, lendo uma história de ninar para Felipinho. Essas coisas antes eram sempre ela quem fazia. "E já são quase nove horas, ele ainda não foi embora?" Ao vê-la parada na porta, Felipinho levantou as sobrancelhas e sorriu ao chamá-la: — Mamãe, o papai está lendo uma história para mim. Vem ouvir com a gente. O semblante de Luiza ficou um pouco mais sério, e ela entrou dizendo: — O Felipinho precisa dormir. Você já deveria ir embora. Já eram nove horas, ela realmente não queria q
— É sobre aquelas palavras de que você ia me buscar, levar a mim e ao Felipinho de volta. — Como isso pode ser mal interpretado? — Ele a encarou. — Essas sempre foram minhas palavras sinceras. Dizendo isso, ele deu um passo à frente com suas pernas longas, aproximando seu corpo alto dela em um instante. Aquela sensação opressiva familiar veio de imediato, e Luiza ficou levemente surpresa, recuando instintivamente até encostar as costas na parede. Sob a luz, ele a olhou, seu olhar profundo e indecifrável. Luiza ergueu o rosto e disse: — Pode ser que sejam suas palavras sinceras, mas elas podem causar problemas para os outros, especialmente na frente da minha família, então eu exijo que você não fale essas coisas sem pensar. — Do que você tem medo? — Ele perguntou de repente, olhando para os lábios vermelhos dela. Luiza estava muito próxima, sua respiração vacilou ligeiramente. — Eu, com medo do quê? — Eu só quero ser bom para vocês, compensar vocês, mas você tem tant
— Eu só quero que papai e mamãe fiquem juntos, isso é errado? — Ele perguntou de volta, com a boca pequena se contorcendo, muito teimoso. Luiza queria dizer que entre ela e o Miguel não havia mais chances, mas ao ver a expressão do filho, engoliu as palavras e não disse mais nada. ...No dia seguinte. Era o aniversário de 3 anos de Maria. Logo cedo, ela vestiu seu vestido de princesa cor-de-rosa e desceu para procurar Felipinho, mas deu uma volta pela casa e não encontrou sinal dele. A tia Luiza tinha ido visitar o pai e não estava em casa, então Maria foi perguntar à governanta. — Tia Governanta, você viu o Felipinho? — Maria perguntou com sua voz infantil. A governanta, que estava organizando os empregados, balançou a cabeça: — Hoje o dia inteiro não vi o Felipinho. Maria pensou um pouco, subiu correndo as escadas e foi até o sótão no terceiro andar. Sob o teto inclinado, havia uma pequena figura sentada. Era o Felipinho! Quando ele estava de mau humor, gostav
Luiza foi até o hospital. Assim que chegou à porta do quarto de seu pai, viu Miguel e Yago lá dentro, cercados por um grupo de médicos de jaleco branco. Eram todos estrangeiros, entre eles estava o especialista Thomas e sua equipe. Ao se lembrar de que o especialista Thomas era professor de Alice, Luiza sentiu o coração apertar e imediatamente abriu a porta do quarto. — Pai! — Ela chamou. Bryan, sentado na cama, virou a cabeça e, ao vê-la, sorriu de leve. As outras pessoas também voltaram o olhar para ela. Dentre elas, o olhar de Miguel era o mais atento. Aquele clima... Luiza não sabia como descrever. Nesse momento, Miguel e Yago se aproximaram, e Miguel disse suavemente: — O especialista Thomas e o Yago vieram para examinar o seu pai. Ao ouvir isso, Yago piscou e acrescentou: — Cheguei agora, e o Miguel já me arrastou para o hospital. A viagem foi longa, estou exausto. — Enquanto falava, ele ainda soltou um bocejo. Luiza, ouvindo isso, achou que não seria
Bryan assentiu com a cabeça. Na verdade, todos esses anos, ele sempre teve um pouco de consciência. Luiza vinha visitá-lo e conversava muito com ele; ele podia ouvir tudo. Ele sabia que Luiza havia encontrado a avó e teve um bebê adorável, Felipinho. Ele também sempre se lembrava de Miguel. Miguel costumava visitar Bryan com o especialista Thomas e Yago. Os três ficavam no quarto, discutindo seu estado de saúde. Ele se lembrava de que Miguel pediu ao especialista Thomas que, de qualquer forma, tentasse acordá-lo. Ele também ouviu quando Yago perguntou ao Miguel: "Miguel, gastar tanto dinheiro para desenvolver medicamentos apenas para salvar uma pessoa, vale a pena?" Miguel respondeu calmamente: "Se isso puder apagar a sombra no coração da Luiza, estou disposto a fazer qualquer coisa."Por isso, quando Bryan acordou e viu Miguel, seus sentimentos ficaram bem confusos... O especialista Thomas realizou uma consulta em Bryan e depois foi falar com o médico atual de Bryan par
Depois de dizer essas palavras, Bryan olhou para Luiza e disse: — As coisas são assim. Luiza, ao ouvir, ficou com o coração inquieto por um longo tempo. — Eu já sabia, desde o início, que ela não tinha boas intenções. Embora não tivesse atacado diretamente seu pai, cada palavra dela era um golpe. Sabendo que Bryan tinha sofrido uma lesão cerebral e não conseguia se lembrar do passado, ela o provocava constantemente, afetando tanto sua mente quanto seu coração, até que ele caiu da escada. No entanto, agora ela entendia que Nanda não prejudicou seu pai por causa de Miguel, mas sim por causa do próprio pai dela. Igor matou Zeca, e para manter essa verdade escondida para sempre, Nanda queria eliminar Bryan. Ela temia que Bryan se lembrasse do que aconteceu anos atrás, e apenas com a morte dele as evidências do crime de seu pai desapareceriam para sempre. Ao pensar em tudo isso, o coração de Luiza parecia imerso em água gelada, frio e pesado. Tudo começou por causa do projet
Parecendo saber o que ela ia dizer, Miguel respondeu: — Seu pai estar assim tem parte da minha responsabilidade. Antes, nossa família também teve um mal-entendido com a família Medeiros, então eu vou me encarregar de cuidar da recuperação do seu pai. Vocês não precisam se preocupar com os custos. Luiza assentiu, concordando com a proposta. A família Medeiros passou por tantas dificuldades por causa de Zeca, e Bryan sempre foi inocente. Eles sofreram tantas desgraças por causa da ganância e das armadilhas dos outros. Luiza não se opôs e, depois de ouvir a promessa de Miguel, foi embora. — Você não quer ouvir sobre o próximo plano de tratamento do seu pai? — Miguel perguntou. Luiza parou novamente, seus olhos tranquilos fixando nele. — Pode falar. — Já é meio-dia. Que tal almoçarmos enquanto conversamos? — Miguel olhou para o relógio e sugeriu. — Não, eu... — Luiza estava prestes a recusar, mas então seu estômago roncou alto. Ela ficou um pouco constrangida. Migue