PARTE 2Rowan“Senhor? Tem alguma coisa que você precisa que eu pegue no restaurante?” Minha secretária pergunta, mas eu continuo olhando para fora da janela do meu escritório.A vista era realmente ótima. Foi uma das razões pelas quais eu a escolhi, mas hoje não me ofereceu a tranquilidade que normalmente oferece.“Não. Hoje não,” eu respondo sem olhar para ela.“Ok então, eu volto em trinta minutos.”Eu não respondo e depois de alguns segundos eu ouço a porta se fechando. Eu suspiro de frustração. Por algum motivo, a sensação de mau presságio se agarrou a mim. Ela me cercou em ondas. Hoje mais do que nos dias anteriores.Eu não sei o que é, mas meu coração está ansioso. Eu não consigo me acalmar nem me concentrar. É como se minha alma estivesse tentando me dizer algo, mas eu não consigo descobrir o quê.Tentando me distrair, eu penso em Ava e nossa conversa. Eu a entendo. Porra, eu entendo sua hesitação. Passei mais de dez anos incutindo nela que Emma era a única mulher que eu amaria

Porra. O que isso tinha que acontecer com ela? Por que alguém faria isso com ela? Havia sinais que eu ignorei? Ela estava em perigo e eu não percebi?As perguntas continuam bombardeando minha cabeça enquanto Gabe sai do estacionamento subterrâneo. Eu nunca me perdoaria se ela estivesse em perigo e eu não percebesse, ou mesmo fizesse algo a respeito."Ela está viva?" Eu pergunto enquanto o medo da resposta dele me choca.Ela tinha que estar viva. Ela simplesmente tinha que estar.Gabe me olha de soslaio. "Não sei muito, mas sei que ela está viva.""Por pouco."As palavras não são ditas, mas estão implícitas.Eu vi o vídeo. Quem estava atrás dela queria ter certeza de que Ava morresse. Que ela não tivesse chance de sobreviver. Não sei a extensão dos ferimentos dela, mas sei que pelo menos duas balas a atingiram."Você sabe em qual hospital ela está?" Eu pergunto, minha voz soando rouca até para meus próprios ouvidos.Eu estava tão focado em chegar até ela, que nem me incomodei em pergunt

Olho para o médico como se eu fosse um idiota que não consegue compreender o que ele acabou de dizer. Em minha defesa, suas palavras não foram registradas totalmente por mim. Ele estava me pedindo para escolher entre Ava e seu bebê. Ele sabe o quão difícil isso é?"Sr. Woods, o tempo é essencial. Precisamos saber sua decisão", ele quase implora.Abro minha boca, mas nenhuma palavra sai. Tento novamente, e a mesma coisa acontece."Sr. Woods?" A enfermeira chama, com preocupação em sua voz."O bebê", a voz suave de Letty diz de repente, quebrando o silêncio. "Salve o bebê, se for o caso."O médico e a enfermeira acenam com a cabeça antes de correrem de volta para o pronto-socorro. Eu me viro para encarar Letty com sentimentos confusos travando uma guerra dentro de mim.Meu olhar deve ter comunicado algo porque ela endurece os olhos em desafio antes de falar."Não olhe para mim assim, Rowan. "É isso que Ava queria", ela diz entre dentes.Corrine sai em defesa da amiga."Ela está certa. Av

Fico paralisado enquanto as palavras continuam ecoando em meus ouvidos.Uma menina.Ava tem uma menina. Ela tem uma filhinha. Noah vai ficar muito feliz. Ele tem rezado para ter uma irmã, e sua prece foi atendida."Posso vê-la?""Sei que você está ansioso para ver sua filha, Sr. Woods, mas terá que esperar um pouco até terminarmos de examiná-la", ele diz.A princípio, suas palavras não fazem sentido para mim, mas logo percebo que ele presumiu que eu era o pai do bebê. Não me importo nem um pouco; foi apenas um choque."Ela é prematura, pois tem apenas 26 semanas, e dado o trauma que enfrentou quando Ava levou um tiro e caiu no chão, vamos colocá-la em uma incubadora. Ela ficará na UTIN até acharmos que ela está saudável o suficiente para ficar com a família."Percebo que ele não mencionou nada sobre Ava. Isso significa que eles não têm esperanças de que ela sobreviva?Meu batimento cardíaco acelera com essa possibilidade. Ela tem que sobreviver. Ela simplesmente tem que sobreviver. Cas

"O que você quer dizer com ela entrou em coma?" Theo pergunta com um tremor inconfundível na voz.Meu coração estava mais uma vez batendo forte contra minha caixa torácica. Parecia que queria perfurar um buraco no meu maldito peito.Tento pensar claramente, mas é como se meu cérebro não conseguisse funcionar. O tempo desacelerou enquanto o médico falava. Tudo o que ouvi foi um zumbido no meu ouvido.Tropeço para trás e caio no assento que havia desocupado. Gabe e meu pai colocam as mãos em mim, mas eu os afasto. Eu não queria o conforto deles. Queria que o médico me dissesse que a cirurgia tinha sido um sucesso e que em algumas horas Ava acordaria."Ela tinha um total de quatro balas. Uma atingiu sua cabeça, a segunda atingiu seu peito, a terceira atingiu sua barriga e a última atingiu sua coxa. Conseguimos remover três delas com sucesso, exceto a que estava em seu crânio. Estava alojada muito fundo e removê-la a teria matado."Porra. Não sei o que sentir ou pensar sobre isso. Ele está