Capítulo 4
ZAIA

No dia seguinte, chego cedo ao Grande Salão. Sebastian mandou uma mensagem dizendo que enviaria um carro, mas eu recusei, dizendo que iria sozinha.

Vesti um vestido preto simples e mamãe prendeu meu cabelo em um coque bem arrumado.

"Tem certeza de que não quer que eu a acompanhe até lá dentro?" Pergunta mamãe, segurando minhas mãos.

Aceno com a cabeça: "Vou ficar bem, só me espere aqui."

Deixando-a do lado de fora, entro, indo para o terceiro andar. Estou surpresa por ele não ter mudado o código PIN. Talvez tenha se esquecido.

Ao me aproximar do escritório de Sebastian, estou prestes a levantar a mão para bater quando ouço o som de uma conversa vindo de dentro.

"Mas eu quero estar aqui." A doce voz de Annalise aparece. Ela geme e posso imaginá-la fazendo biquinho como se fosse uma criança privada de sua guloseima favorita.

"Isso é entre mim e Zaia. Eu a encontrarei lá fora quando estiver finalizado."

Annalise obviamente quer ficar e testemunhar como Sebastian me rejeita.

Uma grande parte de mim está aliviada por ele tê-la recusado. Isso já é humilhante e, se Sebastian permitir que ela fique e veja como eu sofro com a rejeição, isso será apenas a cereja do bolo para ela.

Ela já tirou tudo de mim, mas ainda não quer perder a chance de me machucar.

"Tudo bem, então." Eu a ouço dizer.

A porta é puxada e fico cara a cara com Annalise.

Ela me olha, com um sorriso presunçoso em seu belo rosto, mas isso só a faz parecer feia. Ela não diz uma palavra, seu ombro bate no meu enquanto ela sai.

Olho para suas costas enquanto ela cantarola para si mesma.

É claro que, para ela, essa rejeição é algo a ser comemorado.

Olho para a frente, onde Sebastian está sentado atrás de sua mesa. Ele está bonito em um terno azul-marinho, mas seu rosto está sem emoção.

Entro e fecho a porta. Sebastian se levanta e vem em minha direção, olhando-me nos olhos.

Um silêncio tenso preenche o ar.

"Quer beber alguma coisa?" Ele pergunta, tirando dois copos do balcão e pegando uma garrafa do que já foi meu vinho favorito.

"Não, obrigado." Digo em voz baixa. Não posso beber porque estou grávida.

Ele pode guardar o vinho e comemorar com Annalise. Seu humor escurece instantaneamente com a minha recusa e ele se serve de uma taça cheia, bebendo-a de uma só vez.

"Então vamos acabar com essa rejeição". Ele diz com frieza, pousando o copo com mais força do que o necessário.

Respiro fundo, meu coração dispara enquanto me preparo da melhor forma possível. "Vamos." Respondo, meus olhos brilhando com determinação.

Não vou mostrar a ele o quanto isso está me deixando arrasada.

Ele me observa por um momento, sem demonstrar nenhuma emoção.

"Eu, Alfa Sebastian King da matilha Dark Hollow Falls, rejeito você, Zaia Toussaint, como minha companheira e Luna."

Eu ofego, com a dor rasgando meu peito e sentindo a atração violenta do vínculo me atravessar, mas mantenho minha cabeça erguida, recusando-me a alimentar o olhar presunçoso de vitória de Annalise quando eles riem desse momento juntos.

Sebastian está me observando, quase como se não acreditasse que eu possa fazer isso.

"Eu, Zaia Toussaint, ex-Luna da matilha Dark Hollow Falls, aceito sua rejeição, Alfa Sebastian King."

Um gemido sai de meus lábios quando sinto os últimos fios do vínculo entre nós se romperem, e fico em agonia. Aperto meu pescoço, sentindo-o queimar.

"Você aceitou." Ele murmura ao longe, mas não consigo me concentrar, pois a dor aumenta e estou lutando para respirar. Minha visão escurece e eu viro a cabeça para olhar para o homem que um dia chamei de meu.

Nossos olhos se encontram uma última vez antes de eu sucumbir à dor...

---

O bip incessante de uma máquina me faz abrir as pálpebras. Meu corpo inteiro está doendo como se eu tivesse corrido uma maratona.

Um gemido sai dos meus lábios quando olho em volta e vejo Valerie e mamãe conversando. Elas se viram e olham para mim.

"Você está acordada, Zaia!" Mamãe diz, enquanto corre para mim.

"Srta. Walton, por favor, permita-me fazer alguns exames."

Forço um sorriso para dizer a mamãe que estou bem enquanto estou deitada aqui, com um enorme buraco no peito e uma parte de mim querendo desistir.

"Meus bebês estão bem, Valerie?" Eu sussurro.

"Sim, eles são mais fortes do que você pensa. Você deveria se preocupar mais consigo mesma. Você ainda está fraca e sua pressão arterial está baixa." Valerie repreende. "Então ele a rejeitou e você deixou? Por que não contou a ele que está grávida?"

Mamãe fecha a porta, mantendo-se atenta enquanto olha para nós timidamente.

"Ele não teria se importado." Respondo, virando a cabeça para o outro lado, tentando esconder minhas lágrimas.

Um silêncio tenso cai enquanto ela termina seus exames.

"Bem, você tem sorte de não estar pior.

Você se sentirá fraca por um tempo, mas mantenha sua energia e não pare de comer. Em algumas semanas, talvez você se sinta melhor fisicamente, mas mentalmente, não sei dizer."

"Obrigada, você me salvou novamente. Posso pedir-lhe que não conte a ninguém sobre minha gravidez? Nem mesmo para Sebas... o Alfa. Eu irei para bem longe." Digo em voz baixa. Não posso mais chamá-lo de Sebastian.

Ela faz uma pausa, com a caneta pressionada contra o papel em sua prancheta, antes de suspirar e acenar com a cabeça.

"Eu já imaginava isso, mas Zaia, você ainda é a nossa Luna."

Eu sorri amargamente. "Luna? Esse não é mais o meu título."

Ela coloca a prancheta na mesa, inclinando a cabeça. "Você sempre será Luna para mim e para muitos nesta matilha. Acredite em mim."

Não tenho mais tanta certeza...

"Quando ela poderá deixar o hospital?" Mamãe pergunta.

"Eu diria que ela pode sair, mas quando sair, por favor, saiba que ela precisa de repouso. Por pelo menos duas semanas. Por favor."

"Não se preocupe, vou me certificar disso". Mamãe diz com firmeza. "Nós vamos sair deste lugar."

"Para onde iremos?" Pergunto em voz baixa.

"Para qualquer lugar, menos aqui. Se você não quer que ele saiba, então temos que sair antes que ele perceba que você está carregando os filhos dele."

Aceno com a cabeça. "Sim, é melhor assim...".

"Ok, vou chamar um táxi. Não vou me demorar. Cuide dela, doutora." Mamãe promete antes de sair correndo do quarto.

Valerie suspira. "Você tem certeza disso?"

"Sim", respondo, olhando fixamente para a parede à minha frente.

Sinto-me morta por dentro.

Ela dá um tapinha em meu ombro, suspirando pesadamente.

Seu pager emite um bipe.

"Eu voltarei." Ela diz, dando-me um pequeno sorriso antes de sair correndo da sala e me deixar sozinha.

Uma parte de mim esperava que Sebastian viesse me visitar... Eu desmaiei na frente dele, mas ele realmente está feliz por se livrar de mim.

De repente, a porta é aberta e, por uma fração de segundo, meu coração dá um salto, pensando que talvez, apenas talvez, seja ele, mas, para minha consternação, é Annalise que entra.

"Ah, então é verdade! Você fingiu desmaiar só para ganhar simpatia e adiar a rejeição?" Ela zomba com desprezo.

Mordo a parte interna da bochecha enquanto olho de volta para ela. "Não se preocupe, ele me rejeitou e eu aceitei. Você venceu." Tento esconder minha dor.

Por um mero segundo, ela parece surpresa antes de sorrir alegremente.

"Ah? Bem, isso é ótimo...". Ela diz, vindo até a cama. "Não há lugar para você em nossas vidas, especialmente porque vamos nos tornar pais em breve."

Eu suspiro, incapaz de esconder minha mágoa enquanto olho para a barriga dela e ela o acaricia gentilmente.

"O quê?"

Ele havia me traído...

"Isso dói? Saber que o seu homem estava ocupado comigo enquanto você se comportava como uma boa esposa em casa?" Ela provoca. "O que você acha que estava acontecendo todas aquelas noites em que ele chegava tarde em casa?"

Abro a boca, prestes a responder, não querendo que ela veja o quanto está me machucando, quando ouço mamãe xingar.

"Ah, veja, uma barata imunda entrou no quarto do hospital!

O lugar inteiro precisa ser esterilizado!" Ela diz, fazendo Annalise se virar.

"Você está se referindo a mim?" Ela pergunta acusadoramente.

"Claro que sim! Eu nunca vi uma barata mais feia em minha vida! Você é igualzinha à sua mãe." A mãe zomba, colocando as mãos nos quadris: "Você acha que só de colocar maquiagem e roupas bonitas vai ficar bonita? Suas verdadeiras cores estão à mostra. Agora saia! Minha filha não está bem, e a médica deixou claro que ela não deve ficar perto de vermes!"

Escondo meu sorriso enquanto Annalise fica parada, com a boca aberta.

"Meu pai vai ficar sabendo disso!"

"Ah, por favor, eu gostaria de ver o que ele vai fazer!" Mamãe retruca. A cabeça de Annalise gira em minha direção, lançando-me um último olhar antes de sair correndo do quarto.

"Venha, o táxi estará aqui em quinze minutos. Você sabe que quase não há sinal por aqui. Talvez eu precise mudar de operadora."

Eu sorri levemente para ela. "Obrigada." Eu digo suavemente enquanto me sento.

Ela faz uma pausa e olha para mim. Os cantos de seus olhos se enrugam quando ela sorri calorosamente para mim.

"Para que mais servem as mães? Eu sempre estarei aqui". Ela diz gentilmente enquanto me ajuda a sair da cama. "Agora venha, vamos descer."

Aceno com a cabeça, permitindo que ela me conduza para fora do hospital. Sinto os olhares fixos em mim, mas não me incomodo em olhar para trás. Só vou olhar para frente.

Sebastian e Annalise podem continuar felizes, juntos.

Você ganhou, Annalise, ele é todo seu.

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