Capítulo 7

Quando retornei ao palácio passei as próximas horas ouvindo o discurso da rainha sobre como meu comportamento devasso poderia custar caro para mim e para a imagem e reputação da família real, que graças a bondade do comandante Chase eu havia retornado sem causar mais danos. Eu poderia tentar contar a ela que na realidade eu havia sido sequestrada, mas era improvável que ela acreditasse, não tinha como explicar o que Dimitri Sidorov havia feito comigo, aquilo pareceria bruxaria, o que só pioraria tudo, ela pensaria que eu havia sido acometida pelo mal e chamaria padres para um exorcismo, o que eu dispenso.

Então me contentei em ouvir suas reclamações sem fim.

— Eu espero de verdade que você tenha mantido sua honra intacta, porque se não o fez... — ela me encarou parecendo preocupada e furiosa ao mesmo tempo.

— Minha honra está intacta. — garanti, desconfortável com o rumo da conversa.

Ela me analisou por alguns segundos tentando ver se eu mentia, por fim disse:

— Espero que você esteja dizendo a verdade, me encontre nos aposentos da curandeira daqui uma hora, e tire essas roupas horríveis de camponesa, não é porque você tem cara de camponesa que deve se vestir como uma! — dizendo isso, ela saiu dos meus aposentos batendo a porta.

Que megera, pensei quando ela saiu.

Eu deitei na minha cama e respirei fundo, seria um longo dia.

Enquanto eu caminhava pelos corredores em direção aos aposentos da curandeira Lydia, eu me perguntei o que a rainha estava planejando.

Quando cheguei a porta dos aposentos, eu empurrei o umbral de madeira pesada e entrei no cômodo quadrado do quarto de Lydia. Ali, tudo cheirava como sempre; ervas e poções que ela sempre preparava para os residentes do palácio.

Lydia estava parada de cabeça baixa ao lado da cama, ela era uma mulher alta e redonda, perto dos seus quarenta anos, seu cabelo ruivo estava preso em um coque e ela usava seu eventual avental de trabalho.

Do outro lado, sentada em uma cadeira com sua postura altiva, estava a rainha Hera, seu olhar autoritário cruzou com o meu.

— O que significa isso? — indaguei, ainda parada com a porta atrás de mim.

— Entre e feche a porta. — ordenou a rainha.

— Minha rainha, preciso reforçar que isso não é necessário para mim, acredito na palavra da princesa Helena. — Se pronunciou o comandante que só então eu percebi a presença.

Ele estava oculto nas sombras do quarto, mas agora havia se aproximado, deixando que a luz iluminasse seu rosto, quando olhei para ele imediatamente a compreensão dos fatos me atingiu como um raio. A rainha iria comprovar minha virgindade na frente do comandante, garantir que entregou uma princesa virgem.

Isso era tão a cara dela que me senti uma completa idiota de ter andado até aqui e não ter percebido antes.

Por isso, Lydia não conseguia levantar seu olhar para mim, quando olhei para a cama empalideci consideravelmente ao pensar no que aconteceria ali.

— Não pode está falando serio, estou dizendo a verdade, eu juro! — implorei.

Ela manteve sua expressão fria como o habitual.

— O comandante não acha necessário. — falei, tentando obter mais apoio dele.

— A palavra da princesa para mim basta. — ele me apoiou e me senti grata por isso.

— A palavra da princesa bastava antes dela fugir com outro homem, agora ela terá que provar sua palavra. Helena, deite-se logo na cama e acabe logo com isso, não tenho o dia todo para perder tempo com seus dramas.

Eu engoli em seco as suas palavras insensíveis e mordaz, olhei para o comandante que assim como eu, percebeu que não tinha escolha.

As lágrimas ameaçaram cair, mas eu as segurei e me dirigi para a cama e me deitei. Lydia ainda sem olhar em meus olhos abriu minhas pernas delicadamente, então sem qualquer aviso prévio, diante do olhar do comandante e da rainha Lydia, ela levantou meu vestido até a cintura me deixando exposta e inseriu os dedos dentro do meu sexo.

Eu congelei sentindo meu rosto ruborizar, meu coração acelerado batendo contra meu peito tão forte que eu arfei, a humilhação e a vergonha me cobrindo como um manto negro, eu estava sendo humilhada.

Lydia fez alguns movimentos dentro de mim antes de dizer:

— O hímen não foi rompido, vossa alteza.

Então retirou os dedos de mim e eu fechei as pernas e os olhos também, incapaz de olhar para qualquer um deles naquele quarto, então eu só ouvi a voz da rainha.

— Talvez queira confirmar você mesmo, comandante.

Eu enrijeci no mesmo instante ao pensar nele me tocando.

 — Já vi mais do que o suficiente, alteza.

Então eu ouvi o barulho de passos pesados e uma porta batendo.  

— Ainda bem que você estava falando a verdade, Helena, ou isso teria sido muito constrangedor.

Eu abri os olhos e me sentei na cama para olhar para Hera após ela pronunciar essas palavras tão naturalmente.

— Sim, porque o que acabou de acontecer não foi nem um pouco constrangedor e humilhante! — disparei exasperada diante de sua naturalidade e desdém pelo o que acabou de me submeter.

Ela me encarou com seu olhar azul gelado.

 — Devia ter pensado nisso antes de decidir fugir com aquele Dimitri. — retrucou ela.

Eu rangi os dentes possessa e me sentindo impotente diante de sua acusação.

— Bastava acreditar em mim! — eu disse isso, sentindo as lágrimas descerem.

A expressão dela antes dura como pedra, de repente suavizou, e eu vi a mesma expressão cansada nela que havia visto no comandante.

— Deixe-nos. — ordenou para a Lydia sem olhar para ela.

Quando Lydia fechou a porta atrás de si, a rainha se aproximou da cama onde eu estava sentada. Ela me olhou e se sentou na ponta da cama suavemente, eu estava de cabeça baixa, encarando minhas próprias mãos no meu colo enquanto minha visão ficava turva pelas lágrimas, então eu ouvi mais do que vi.

— Acha que os Lancaster se mantém no poder governando Shivia acreditando na palavra das pessoas? Porque se você acredita nisso é uma tola.

— O comandante disse que não era necessário. — murmurei com a voz embargada.

Ela suspirou.

 — Ele disse isso hoje, mas você tem que pensar sempre anos a frente, Helena, e pensar como uma atitude hoje pode refletir no futuro. Eu fiz isso hoje para te poupar de problemas no futuro, digamos que no futuro um casamento com outra princesa seja mais vantajoso do que o dele atual com você, então ele resolve usar essa carta na manga a acusando de ter casado impura e decide repudia-la, eu acabei de tirar essa carta dele. Homens sempre buscam poder ao invés de amor, Helena, tenha isso em mente e talvez você sobreviva ao seu primeiro ano governando. Esteja sempre um passo a frente dele.

Com essas palavras ela saiu, me deixando com minhas lágrimas.

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