Capítulo 8
Luiza percebeu que as palavras eram destinadas a Miguel e optou por não responder.

- Você se dedicou bastante nesses anos. - Disse Miguel, oferecendo consolo.

- Não foi tão difícil. - Respondeu Clara, sorrindo enquanto girava até a bandeja de salada de legumes para que ficasse bem à sua frente.

Ela serviu alguns vegetais no prato de Miguel.

- Miguel, você não deveria evitar sempre os legumes. Esta salada, com seu molho de vinagre, está deliciosa. Experimente.

Miguel lançou um olhar para Luiza, que saboreava sua canja com uma expressão neutra.

- Está bem. - Concordou ele, aceitando os vegetais e começando a comer.

Uma expressão de desprezo apareceu nos olhos de Luiza.

Ela recordava bem a obsessão de Miguel por limpeza.

Anteriormente, para incentivar Miguel a comer legumes, ela se levantava cedo para preparar bolinhos de arroz com vegetais para ele e dizia, sorrindo:

“- Senhor, por favor, saboreie um delicioso bolinho de arroz com vegetais antes de se despedir. Eu dediquei muito esforço a eles. Apesar de terem legumes, acrescentei bastante salmão e gergelim; são realmente saborosos, você deve experimentar.”

Contudo, Miguel costumava recusar, dizendo friamente:

“- Eu não como alimentos que outras pessoas manusearam.”

No entanto, hoje, ele estava comendo os legumes servidos por Clara.

Será que sua mania de limpeza se aplicava apenas a Luiza?

Luiza se mostrava apática.

Do outro lado da mesa, Miguel comia com lentidão, exibindo um charme cativante.

Clara, apoiando o queixo na mão, observava-o comer e perguntou com um sorriso:

- Está gostoso?

Miguel confirmou com um aceno:

- Muito.

Clara estava radiante de felicidade.

- Eu sabia, quando estávamos na escola, todas as vezes que almoçávamos juntos, você nunca tocava nos vegetais. Naquela época, eu já tinha percebido que você não os suportava.

Miguel sorriu levemente.

- Sua memória é realmente impressionante.

- Claro, minha memória é muito boa. Mesmo após tantos anos, ainda me recordo vividamente de como você se destacava sempre que era premiado. Você irradiava confiança, era o ídolo de todas as garotas da escola. Só na nossa turma, havia mais de dez garotas que suspiravam por você. Naquela época, todo mundo adorava conversar sobre você.

Miguel sorriu levemente.

- Realmente era assim tão exagerado?

- Era! De fato, muitas gostavam de você. Por isso minha mãe sempre dizia que eu tinha bom gosto. - Clara insinuava que tinha bom gosto por ter escolhido Miguel.

Luiza, por dentro, ria com sarcasmo.

E ainda diziam que Clara não era a rival?

Ela havia se declarado abertamente.

Enquanto observava Miguel, que tomava um gole de café, seu olhar cruzou rapidamente o rosto de Luiza, mas ele permaneceu calado.

Sem obter resposta, Clara olhou para Luiza.

Luiza continuava a tomar sua canja calmamente.

Clara, visivelmente desconfortável, disse:

- Desculpe, Luiza, conheço Miguel há muitos anos e, quando nos encontramos, é difícil não relembrar o passado.

Luiza sorriu discretamente, pensando que aquilo não lhe dizia respeito.

Porém, Clara parecia determinada a não deixá-la em paz, prosseguindo com relatos do passado.

Sempre a mesma história de quando eram jovens, de como cresceram juntos e mantiveram uma relação próxima, quase reprovando o avô de Miguel, na presença de Luiza, por tê-los separado.

Então, foi o avô de Miguel que impediu que ficassem juntos.

Luiza, desinteressada, voltou seu olhar para Miguel, esperando que ele interrompesse sua admiradora.

Mas Miguel fingiu não ouvir, soprando cuidadosamente as verduras em sua sopa e tomando um gole, aparentando grande satisfação.

“Ele estaria se deleitando com o afeto de uma mulher?”

Luiza pensou com desdém.

Que homem descarado!

Mesmo que ele estivesse se deleitando, que não o fizesse à sua frente. Ela não tinha interesse em testemunhar o romance deles.

Era repulsivo!

De repente, Clara exclamou:

- Luiza, você gosta do Miguel, não é?

Related Chapters

Latest Chapter